babywearing



Quando nascemos, como bebés humanos e mamíferos gerados no ventre das nossas mães, esperamos encontrar as mesmas condições de qualidade e conforto que vivemos durante nove meses no útero materno, ou seja, contacto permanente, movimento permanente, alimento permanente, calor permanente, ritmo permanente.
Durante milhões de anos enquanto recém-nascidos mantivemos um contacto corporal muito próximo com as nossas mães, e apenas nos últimos séculos os bebés estão a ser privados desta invalorável vivência. Isto não é uma questão cultural, faz parte do nosso instinto de sobrevivência, porque cada novo bebé, seja ele esquimó, do sul de África, da Europa, da pré-história, do séc. XVIII, do ano 3000... quando nasce espera sempre encontrar-se num único lugar, nos braços da sua mãe. Porque espera receber as mesmas condições de qualidade e conforto que recebeu durante a sua gestação in utero.
Um bebé que não encontra refúgio e conforto no corpo materno cresce num ambiente hostil e difícil de suportar.
Além disso nós humanos quando nascemos , contrariamente a outros mamíferos, ainda não estamos totalmente prontos, não somos autónomos com um gatinho que um ou dois dias depois de nascer já anda e consegue chegar a mama para se alimentar com toda a autonomia, nós somos totalmente dependentes dos cuidados da nossa mãe ou outra figura maternal, assim sendo precisamos de cerca de outros 9 meses de gestação extra-uterina, recebendo a mesma qualidade e conforto que tínhamos no útero da nossa mamã.

Texto adaptado de Laura Gutman


O uso do pano porta-bebé favorece e facilita esta gestação extra-uterina tão importante para o desenvolvimento de um bebé saudável, seguro, tranquilo, feliz... enfim, tudo o que verdadeiramente de sejamos para a nossa cria.

As vantagens do pano são muitas, tanto para o bebé como para os pais que o transportam. 


Vantagens para o bebé

Contacto corporal permanente
O bebé precisa muito do contacto pele com pele, que favorece o desenvolvimento adequado do seu sistema nervoso. Um bebé transportado no pano ouve os batimentos cardíacos da sua mamã, sente as vibrações do corpo quando ela fala ou ri, sente o cheiro da sua mamã ou papá o que o acalma e lhe recorda o ambiente intra-uterino. Durante este tempo a mamã mantém as mãos livres para cozinhar, escrever, ler, brincar... O bebé sente-se bem e a sua necessidade de atenção está praticamente preenchida, ele não pede constantemente a segurança do colo porque os braços já estão ali para o abraçar e proteger !

As necessidades do bebé transportado são mais facilmente percebidas
Assim que o bebé tem fome a sua mamã percebe o seu pedido rapidamente e alimenta-o sem que ele tenha necessidade de chorar para se fazer ouvir. A amamentação ou aleitamento artificial pode fazer-se com o bebé no pano, com toda a descrição e conforto para a mãe e para o bebé. Do mesmo modo quando o bebé suja a fralda a mãe percebe de imediato e pode troca-la sem o fazer esperar.

O bebé digere melhor
O sistema digestivo é muito influenciado pelo estado psicológico. O bebé transportado estando menos stressado digere melhor. A sua posição verticalizada também participa na boa digestão, favorece os arrotos e diminui o refluxo de leite. O abdómen do bebé é massajado, o que diminui as cólicas, facilita o transito intestinal e a eliminação de gases.

Ajuda a uma temperatura corporal ideal 
Antes dos 2 anos de idade o bebé não consegue regular a sua temperatura corporal. Quando é transportado encontra-se em contacto com a mãe/pai que estão a uma temperatura corporal ideal e a temperatura do bebé é regulada pela deles. Mesmo em caso de uma vaga de calor, o corpo que quem o transporta mantém-se a volta de 37 ºC. è por esta razão que os bebés touaregs são transportados nas djellabas das suas mães: a temperatura é de 40º C à sombra, os bebés sofreriam de desidratação se não fossem mantidos frescos contra a sua mãe.

Regula ritmo respiratório e cardíaco 
Quando transportado no pano o bebé ouve e sente a respiração da sua mãe e os seus batimentos cardíacos. Isto regula a sua própria respiração e batimentos cardíacos, que o bebé não consegue fazer sozinho, evitando assim qualquer pausa respiratória (apnéia). 

Estimula os movimentos e desenvolvimento motor do bebé 
A criança transportada no pano é activa, mexe juntamente com quem o transporta, participa utilizando a sua própria musculatura. O tecido usado para fazer o pano não entrava os movimentos do bebé, ele pode mexer-se como desejar. Tudo isto ajuda o bebé a tomar consciência do seu corpo mais rapidamente e a começar a andar mais cedo do que outras crianças não transportadas no pano.

Ajuda o bebé a adoptar uma postura correcta ao desenvolvimento da sua coluna vertebral 
O bebé passou nove meses no útero em posição fetal e a coluna fica arredondada. Depois de nascer a coluna demora cerca e um ano a endireitar-se para que o bebé possa andar. O recém nascido sente-se melhor e dorme melhor se a sua coluna vertebral estiver curvada durante todo este processo de adaptação.
A coluna desenrola-se progressivamente: nos primeiros tempos depois do nascimento o bebé gosta de se encolher no colo da sua mãe como se fosse uma pequena bola, depois, ao longo das semanas e dos meses, alonga-se até segurar a cabeça, segurar-se sentado e finalmente de pé. 
Respeitar o arredondamento das costas do bebé permite à articulação da anca desenvolver-se correctamente. É importante saber que a anca é imatura à nascença; as cartilagens vão transformar-se em osso e a articulação vai modificar-se quando o bebé começar a por-se em pé e a andar.
Para permitir um bom desenvolvimento da articulação da anca, ou seja para que as cabeças femorais se apoiem correctamente na bacia com uma boa repartição da carga, é necessário que as costas do bebé estejam arredondadas de forma a favorecer uma báscula da bacia para a frente e para conseguir isso devemos posicionar o bebé com as pernas dobradas em ligeira abdução e os joelhos em flexão a 90º. É a famosa posição de rã. 
O bom posicionamento do bebé no pano ajuda no seu desenvolvimento e na prevenção de displasia da anca.





Favorece a comunicação e a aprendizagem 
Estando no pano o bebé participa naturalmente nas experiências quotidianas dos seus pais e a comunicação faz-se por si mesma. O bebé sente preenchida a necessidade que qualquer ser humano tem de comunicar com os outros, uma vez que não está em relação exclusiva com a sua mãe ou o seu pai. À altura do peito ele participa das actividades familiares, olha em sua volta, é olhado, dá e recebe carinho, exprime-se, mexe-se, gesticula, interage e comunica com o mundo. Desenvolve a curiosidade, a vontade de descobrir, o estádio de alerta tranquilo em que os bebés mais aprendem ! 

O bebé sente-se em segurança 
Encolhendo-se contra o peito dos seus pais abraçado e suportado pelo pano, o bebé sente-se instantaneamente protegido e abrigado das agressões que o envolvem, agressões físicas como o barulho, o frio... agressões emocionais como a aproximação de pessoas desconhecidas que possam surpreende-lo ou assustá-lo. Neste espaço o bebé sente-se seguro e protegido de tudo, e crescer podendo organizar uma forte segurança interior é o tesouro mais precioso para o desenvolvimento da sua vida futura !

Menos choro ! 
As mães que optaram pelo uso do pano podem confirmar que um bebé transportado desta forma chora e grita muito menos do que um bebé transportado no carrinho. Os bebés transportados no pano não tem episódios de choro incoercível ao cair da noite. E isto foi provado por estudos antropológicos, um desses estudos publicado na Pediatrics em 1996. Nas crianças observadas o uso do pano reduzia o choro e a agitação em 43% durante o dia e 51% a noite.
Isto não tem nada de misterioso ! O bebé que se sente protegido, em segurança, amado, objecto de cuidados e de atenção, não precisa de chorar para ser entendido pela sua mãe. Por conseguinte, o bebé economiza a sua energia e pode dedicá-la ao seu desenvolvimento.

O sono torna-se mais fácil... e na hora certa 
Bem transportado, o bebé encontra as posições confortáveis adaptadas a um belo sono. Ele dorme no momento em que precisa e durante o tempo que precisa ! Assim que o bebé foi suficientemente estimulado pelo ambiente à sua volta, adormece embalado pelo doce balançar do corpo de quem o transporta para se desligar do mundo e sonhar com as suas descobertas. O bebé gere naturalmente este processo. 
As crianças transportadas no pano não sofrem tanto de problemas de sono. Estes problemas aparecem em seguida a comportamentos inapropriados dos pais que deixam a criança sozinha com os seus medos e durante toda a noite. Podem também ser gerados por um desconhecimento da importância do sono, dos seus ritmos e particularidades, da sua evolução ao longo dos primeiros meses. É muito importante e necessário respeitar os ritmos do bebé sem tentar impor os nossos.

A linguagem desenvolve-se mais facilmente 
A proximidade conseguida através do uso do pano convida a mãe/pai e bebé a conversarem. Uma das vantagens é que a mãe consegue aperceber-se quando o bebé olha ou aponta para algo e dessa forma pode dar nome à pessoa ou objecto. A aquisição da linguagem e do vocabulário fazem-se mais facilmente.


Vantagens para os pais

Estar disponível
Transportar o seu bebé pode limitar a amplitude de alguns movimentos, mas, em compensação, fica livre para se deslocar como deseja e está disponível para outras actividades. Os braços ficam livres para o que for preciso, ir as compras, cozinhar, ler, brincar... a mãe pode ocupar-se de outras crianças sem dificuldade com o seu bebé junto a si. 
A boa distribuição do peso do bebé faz com que o transporte no pano seja menos cansativo para os pais. Um bebé será mais feliz se a sua mãe estiver relaxada, menos cansada, mais disponível para o seu companheiro, para a sua família e para ela mesma. 

Estar serena
Tendo o bebé junto a si a mamã sabe em permanência como ele está, fisicamente e psicologicamente. Resumindo, ele não está constantemente alerta, a observar o bebé, de orelhas coladas ao intercomunicador para saber se o seu bebé, isolado no quarto, está bem. O transporte no pano reforça o sentimento de competência e de confiança em si, os pais sentem que tem uma forma de satisfazer as necessidades do seu bebé.

Sentir-se como verdadeiros pais
O pano permite aos pais investirem desde cedo numa relação próxima com o seu bebé que parece apreciar tanto como eles este contacto e estes momentos privilegiados.

Reduzir os riscos de depressão
Os laços entre o bebé e quem os pais tecem-se de forma forte a medida que passam tempo juntos e partilham experiências. Por vezes já não imaginam sair de casa sem o seu bebé, qualquer que seja o motivo. O vinculo afectivo é muito fortalecido. 

Amamentar e prolongar o aleitamento
Assim que a amamentação se estabelece as mães e bebés não desejam geralmente interromper este processo muito cedo. Uma criança transportada no peito ou nas costas que manifeste sinais de fome ou sede é facilmente levada ao peito num só gesto, com toda a doçura... A estimulação da hipófise faz-se graças ao contacto entre mãe e bebé, facilitando a produção de leite e a amamentação. É um prazer partilhado entre mãe e bebé.
É importante saber que a maioria das falhas no aleitamento materno se devem à falta de estimulação através da proximidade e contacto mãe/bebé e da ausência de prazer em dar de mamar.

Mexer com toda a autonomia
A mãe pode ir a qualquer lado com o seu bebé, eles são um. Ela não é obrigada a programar as suas saídas como fazem algumas mães... sol, chuva, frio, calor, cada passeio se torna uma verdadeira expedição. Basta por uma fralda no bolso e partir à aventura !

Traduzido e adaptado de "L'art de porter bébé" de Manuelle Favreau





Viva o Pano ! ! ! :)















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